segunda-feira, 24 de maio de 2010

Revisão coletiva do meu texto

Na última aula do curso com o Moacir C. Lopes levei uma crônica para ser analisada. Sou uma péssima revisora dos meus próprios textos, mas mesmo assim li e reli umas mil vezes. Imprimi, tirei xerox para os colegas e levei para sala de aula.

Muito nervosa, entreguei uma cópia para cada colega. O professor fez a leitura em voz alta, e eu mesma fui vendo o monte de bobeira que tinha escrito. Erros de digitação, de grafia, de concordância. Fiquei tremendo, minha mão suava e não pude deixar de sentir vergonha.Os colegas davam suas opiniões e eu escutei a tudo angustiada.

Se eu disser que foi bom, estou mentindo. Mas também não posso dizer que foi ruim. Pela primeira vez tive críticas técnicas. Ninguém me disse que era "bonitinho" ou "divertido". Falaram de verdade o que achavam, e no final das contas o saldo positivo.

Ponho aqui o texto, após as devidas alterações.

Dezoito anos
Por Janaina Rico

Se eu tivesse um super poder neste momento eu voltaria no tempo. Mas não em um momento qualquer. Seria para exatamente quando eu tinha dezoito anos.
Regressaria determinada a mudar tudo. Começando por mim mesma. E não permitiria que ninguém dissesse o que tinha que fazer ou deixar de fazer. Para onde tinha que ir ou não poderia ir. Simplesmente acreditaria em mim e nos meus planos e não daria a ninguém  a oportunidade de dizer que eu não estava certa.
Iria a festas. A todas as festas a que me convidassem. Nos mais variados lugares e horários, com o mais extenso leque de convidados. Festas de todas as tribos e grupos. Festas, festas e mais festas sem nenhuma restrição.
Seria dona do meu nariz e não aceitaria qualquer pessoa resolvendo os rumos que deveria seguir. Só caberia a mim a decisão de ir para o norte ou para o sul. Arcaria com as minhas decisões pois só eu as teria tomado.
Se tivesse novamente dezoito anos, me daria todas as chances que alguém deve ter aos dezoito anos. E viajaria, e conheceria o mundo, e estudaria teatro, literatura, música. E tocaria violão, banjo, cavaquinho. E iria para lual em toda noite de lua cheia. E dançaria em volta de uma fogueira quando estivesse com frio.
Faria amigos, pois não ia deixar que ninguém me ensinasse a ter medo de gente. Daria chances às pessoas pois só assim teria chances. Cresceria com os meus amigos para ficarmos juntos por toda a vida, lembrando de quando tínhamos dezoito anos.
A vida seria boa, como deve ser aos dezoito anos. Não permitiria que arrancassem de mim a liberdade da juventude. Protestaria contra as injustiças, faria passeatas, reinvindicações, discursos. Com a certeza de que estaria construindo um mundo melhor, mais gostoso.
Viveria muito, intensamente, pulsantemente. Acreditaria em mim e faria a diferença, sendo alguém de quem me orgulhasse. Me olharia alegre no espelho, com prazer, gostando da imagem refletida. Por isso, sorriria muito, para mim e para o mundo, com a certeza de que todos gostavam de mim.
Ah, se eu tivesse novamente dezoito anos a vida seria de cor e de arte, com luz e alegria, sem gente amarga amargurando a minha vida. Teria me afastado de qualquer um que não quisesse me fazer crer que eu não era bonita, que não era inteligente, que não era bacana, pois se tivesse novamente dezoito anos, seria inteligente, bonita e bacana como ninguém mais poderia ser.
Namoraria muito, daria beijos apaixonados, faria amor em todos os lugares que quisesse. Carregaria comigo a bandeira da felicidade e da paixão, não permitiria jamais que alguém a tirasse das minhas mãos. Seria a porta bandeira de tudo que há de mais belo.
Se tivesse novamente dezoito anos construiria uma vida plena, absoluta, feliz. Mas acontece que não tenho nenhum super poder. E não vou voltar no tempo. E os meus dezoito anos não voltarão nunca mais.

2 comentários:

  1. Duas colocações:

    - Quanto às críticas técnicas, relaxe... Oficinas são pra isso mesmo. Expor nossos pontos fracos (que geralmente não vemos) para corrigí-los. É a melhor maneira de nos aperfeiçoarmos.

    - Quanto aos 18 anos, realmente não voltarão. Mas, quem disse que é preciso ter 18 anos pra construir uma vida plena? Fazê-lo aos 30, 40, 50 é sim, possível - com uma vantagem: constrói-se uma vida plena com experiência, descartando inutlidades que aos 18 nos pareciam importantes!

    Parabéns pelo texto, Janaína!

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  2. Janaína...Eu também senti a mão gelada e a voz trêmula no dia em que li o meu texto. Mas é sempre assim. Quando era cantora, sentia o mesmo ao subir no palco. Quando ficamos vulneráveis às críticas, não tem quem segure o nervosismo.

    O importante é que passou no teste com maestria e o seu livro, é um barato.

    adicionei seu blog no meu.

    beijos

    Eliane

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