quinta-feira, 15 de julho de 2010

Janaina Rico recebe escritoras para bate papo no Shopping Iguatemi/DF

É, meu povo. A coisa tá ficando cada dia melhor...
Segue aí o release (gentilmente feito pela minha amiga Graciela Mayrink) do evento que vou participar dia 22.

Janaina Rico recebe escritoras para bate papo no Shopping Iguatemi/DF

Evento acontece na Livraria Cultura


A escritora Janaina Rico, autora do livro Ser Clara, estará presente na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, no dia 22 de julho às 19h00, para promover seu trabalho.


Janaina receberá as autoras Eliane Raye e Joana Cabral para um bate papo, seguido de uma sessão de autógrafos do Ser Clara e um coquetel para os convidados presentes no evento.


As três escritoras de Brasilia estão morando atualmente no Rio de Janeiro, onde, juntamente com a carioca Graciela Mayrink, criaram a revista eletrônica Mulheres de Opinião. O lançamento da revista está previsto para o final de julho, em um evento para convidados especiais na capital fluminense.


O bate papo em Brasília terá como assunto principal a construção de personagens, o processo criativo que as escritoras usam para desenvolver seus romances e contos, com passagem também pela montagem da revista eletrônica.



Contato:

Samuel Rocha Marinho

E-mail: srmarinho@hotmail.com

Telefone: (61) 8481-7705

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Rendendo muito...

Caramba, eu tô produzindo tanto que não estou tendo tempo nem para ler, nem para alimentar o blog!
Mas está bom demais!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Minha lista está assim:

1) Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez (lido)
2) Olhai os Lírios do Campo - Erico Verissimo (lido)
3) Crime e Castigo - Dostoiévski (lido)
4) Dom Casmurro - Machado de Assis (lido)
5) A Hora da Estrela - Clarice Lispector (lido)
6) O Morro dos Ventos Uivantes - Emile Bronte (lendo)
7) Cinco Minutos - José de Alencar
8) Ensaio sobre a Cegueira - Saramago
9) 1984 - George Orwell
10) Doutor Jivago - Boris Pasternak
11) O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Salinger
12) Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
13) O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry
14) Madame Bovary - Gustave Flaubert
15) O Pagador de Promessas - Dias Gomes
16) O nome da Rosa - Umberto Eco
17) Vidas Secas - Graciliano Ramos
18) Olhinhos de Gato - Cecília Meireles
19) O Cortiço - Aluísio Azevedo
20) Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

Projeto Toda Quarta

Tive uma idéia iluminada!
Juntei no mesmo balaio eu, Joana Cabral, Eliane Vallim e Graciela Mayrink, com um propósito que não poderia ser diferente, já que somos escritoras: vamos escrever um livro.
O tema estou proibida de dizer! Do jeito que sou fofoqueira, é difícil controlar o impulso. Mas por respeito às minhas amigas sou obrigada a me conter.
No entanto, para ir dando aquele gostinho de curiosidade, criamos um blog, onde iremos falando do que pode ser falado. Cada quarta, dia dos nossos encontros, uma de nós é responsável pela postagem. Olhem lá: http://projetotodaquarta.blogspot.com/
Estou certa de que vamos arrasar! Tanta mulher junta, assunto tem. Tanto talento junto, competência tem.

Bate papo com Stella Florence

Stella Florence pode ser considerada um norte a ser seguido por novos escritores. Quando tinha quase 30 anos, a autora percebeu que estava no lugar errado; resolveu jogar tudo para o alto e iniciar uma carreira nova. Não poderia ter feito escolha melhor: seu livro de estréia, “Hoje Acordei Gorda”, foi publicado pela editora Rocco e foi um sucesso de vendas!

Ama tanto os livros que transformou suas costas em um. Embelezou seu dorso com algo que ama, palavras. Apaixonada por Gabriel García Marquez, brinca que é tão íntima dele que só o chama de Gabo. Já tendo lido praticamente toda a obra do autor, recomenda “Do amor e outros demônios”.

Eu a conheci por meio do twitter (@StellaFlorence), e estamos desenvolvendo uma deliciosa amizade virtual. Quando pedi para entrevistá-la, fui prontamente atentida. Por razões geográficas (ela está em São Paulo e eu no Rio de Janeiro), o fizemos via e-mail.

Quando tomou a decisão de mudar de profissão e ser escritora com todas as letras, quem a cercava achou que ela tinha surtado de vez! Mas não desistiu. Tinha a certeza do sucesso. “A dúvida pertencia aos outros, não a mim”, disse-me. Assumiu essa condição em 1996, quando ainda não tinha nenhum livro publicado e sua produção era apenas alguns contos que só sua prima havia lido, mas não hesitou ao ser perguntada em uma festa junina qual era sua profissão: escritora!

Teve a felicidade de seu primeiro livro ter sido tão elogiado por Mario Prata, que algumas pessoas chegaram a imaginar que era ele o autor. Tudo se deu por uma brincadeira feita por ele, e Stella considerou isso um grande presente. Ainda não se conheciam, e ela enviou o livro para ele por e-mail. Mario Prata gostou tanto, que fez o prefácio, sobre o qual ela disse “o Mario Prata criou um dos melhores prefácios da literatura”.

Hoje, Stella Florence é a representante da “chicklit” (literatura de mulherzinha) em nosso país e não se incomoda nenhum pouco com isso. Sabe que os rótulos são necessários, e realmente seus livros são muito melhores do que o de outras autoras do gênero, como Candace Bushell e Marian Keyes. Seu livro 32 - 32 anos, 32 homens, 32 tatuagens é a prova concreta.

Reconhece que não é fácil viver das letras no Brasil, mas o dinheiro para ela não demorou a entrar. Sorte? Não! Puro talento! Enviou seus originais pelo correio, assim como centenas de pessoas fazem todos os dias. Processo esse que foi feito com uma dúzia de editoras, que chegavam a dizer que o “Hoje Acordei Gorda” não tinha potencial de venda. Stella sabia que estavam errados, e a Rocco também. Porém, houve entressafras, e hoje se sustenta da literatura. Sem grandes luxos, mas paga todas as contas.

Impossível não tocar no assunto da estética quando se tem um livro que traz 26 histórias sobre gordura. Um deles trata de distúrbios alimentares, mas o que realmente a inspirou foi uma eterna luta contra a balança. Já foi obesa e hoje se cuida. O grande barato para ela é que, não apenas as gordinhas, mas todas as mulheres curtem seu livro. “Elas experimentam a sensação de partilha que a literatura proporciona: 'Não sou só eu que sinto isso!'”.

Um de seus livros, “Ser menina é tudo de bom”, é um guia de auto estima para adolescentes. A recepção do público foi maravilhosa. E sua lista de livros vai aumentar mais um pouco. Em julho chega o “Só saio daqui magra”.

Perguntei a ela quais os conselhos para novos escritores, e ela me disse:

1) Esqueçam o imediatismo. Nenhuma profissão pede mais paciência do que a de escritor.

2) Leiam muito, escrevam mais ainda. É preciso exercício constante e bons mestres.

3) Usem a internet a seu favor: antes de estrear em livro, exercitem-se em blogs até as mãos ficarem bem azeitadas.

4) Com segurança e um trabalho de respeito, procurem uma editora que publique o seu estilo de literatura.

É isso aí, Stella! Continue nos enchendo de orgulho por ter você como um ícone da literatura atual!

domingo, 13 de junho de 2010

A Hora da Estrela - Clarice Lispector

É muito difícil falar sobre “A Hora da Estrela”. Último livro que Clarice Lispector publicou em vida, é uma obra curta, de poucas páginas, mas de uma intensidade visceral. Um soco no estômago em alguns trechos. Um carinho doce em outros. Qualquer coisa que eu diga sobre a criação será fraca, inferior e incapaz de retratar uma obra de tão absoluta qualidade.
A autora criou Rodrigo S. M., um escritor que conta a história de Macabéa.
Ele é chato. Me irritou profundamente em vários momentos. Fala de suas crises existenciais e criativas. Acha que é Deus, pelo menos daquela história. E é. A vontade que eu tive foi de entrar no livro e esbofetear o sujeito. Metido, esnobe, soberbo. Um homem que, por ser escritor, se acha superior às outras pessoas e não se envergonha disso.
A doçura vem com Macabéa. Inventada por Rodrigo, ela está em todas as esquinas das cidades grandes. Saiu do nordeste em busca de alguma coisa no Rio de Janeiro, mas ela nunca soube o que procurava. Não tinha consciência da própria existência. E viver, nada mais era do que um passar dos dias.
Clarice Lispector brinca com seus personagens e seus leitores. Posso senti-la se divertindo ao criar o enredo. Cria dois seres completamente diferentes: um homem e uma mulher; um intelectual e uma ignorante; um que se achava Deus e uma que nem sabia que era gente. E tem a audácia de misturá-los no mesmo livro, sem que nenhum dos dois perdesse sua essência.
Até que ponto Clarice era Rodrigo S. M.? Até que ponto Clarice era Macabéa? Impossível saber. Eu fico aqui, babando, lendo e relendo “A Hora da Estrela”. Me dá até vergonha de publicar qualquer coisa depois disso.
Genialidade é para poucos. Clarice sabia muito bem que era um gênio.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Regiana Antonini

Segue aí a minha primeira experiência como entrevistadora.
Gostaram?

Bate papo com Regiana Antonini
Por Janaina Rico

Não é possível discernir se, quando escreveu “Claríssima” (http://pecaclarissima.blogspot.com/), Regiana Antonini soubesse que havia sido descrita em uma frase de Clarice Lispector: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.
Dona de olhos azuis intensos, Regiana domina uma conversa com facilidade. A primeira vez que a vi foi em uma sala da Cia de Teatro Contemporâneo, dando aula de dramaturgia. A paixão com que falava aos seus alunos era quase palpável, assim como o seu amor pelo teatro.
Atriz, diretora, dramaturga, professora, escritora, autora, redatora. Topou conversar comigo de primeira, sem afetações ou frescuras. Nos encontramos em um café na Cobal, Rio de Janeiro, logo após sua aula. Antes, passou na feira e comprou frutas e verduras para mandar para casa.
Canceriana, se diz insegura. No entanto, ao conversar com ela, percebo a confiança de quem acredita no seu trabalho. Traz no currículo um Prêmio Sharp de melhor autora (disputado com Miguel Falabella), com o texto “Futuro do Pretérito”, a materialização de sua competência. E, mesmo assim, permeia suas frases com uma humildade deliciosa, algo possível somente a quem tem muito o que ensinar.
Ao ser questionada sobre os motivos de sua vinda para o Rio de Janeiro, a mineira me diz, entre risos, que quando resolveu se arriscar em terras cariocas tinha a ambição de ser protagonista da novela das oito. Se formou na CAL, escola tradicional de atores. Inclusive, seu nome está na página dos alunos ilustres do local. E mesmo ela afirmando que se realiza plenamente atuando, seu maior sucesso é na escrita, principalmente em roteiros teatrais.
Trabalha na Rede Globo, no humorístico Zorra Total. Criadora do bordão “Te conheço?”, assume que gostaria de realizar um papel no programa. Porém, ali ou se cria ou se atua, e a veia criadora está sempre falando mais alto.
Sua peça “Aonde Está Você Agora”, baseada na música Vento no Litoral, está em cartaz desde 1995. Já viajou pelo Brasil e rendeu também um livro publicado pela Editora Beto Brito em 2001. Renato Russo, autor da canção, disse que “Valeu a pena viver para ver uma de minhas canções virar uma peça tão linda e emocionante”.
Falando de sua trajetoria, iniciou-se casualmente no mundo dos roteiros e já teve a felicidade de ter em seus espetáculos Rosamaria Murtinho, Lilia Cabral, André Gonçalves, Iran Malfitano, Bruno Gagliasso, Marcelo Serrado, Jonas Torres, Edwin Liuisi, Marcelo Saback, dentre tantos outros. Isso é só para quem tem muito talento. Sua primeira montagem profisional foi dirigida por Cláudio Torres Gonzaga, que também a levou para a Rede Globo. Mesmo assim ela ainda agradece a sorte.
Altos e baixos na carreira já teve muitos. Se em um ano ganhou o Prêmio Sharp, atuou na novela “Salsa e Merengue” e escreveu para o programa “Sai de Baixo”, no ano seguinte foi vender biscoitos para se sustentar, pois as portas se fecharam. Desistir? Jamais.
Seu roteiro “Doidas e Santas”, adaptação do livro homônimo, está em cartaz no Rio de Janeiro. Só mesmo alguém com a sua capacidade para adaptar um best seller sem ter a menor interferência da autora. Martha Medeiros assistiu e chorou emocionada. Regiana fez uma junção de todas as crônicas do livro, criando uma história nova. Resultado: Sucesso! Com Cissa Guimarães, Giuseppe Oristâneo e Josie Antero no palco e direção de Ernesto Picolo, o Teatro do Leblon está ficando lotado em todas as sessões. E sua parceria com Martha Medeiros ainda está rendendo frutos. O romance “O Divã” está sendo adaptado para a televisão. Coisa de gente grande.
Tem um grupo de teatro, chamado “Cia da Boca”, com 17 jovens atores. E criou o Amadas (http://amadaspontocom.blogspot.com), uma peça que vai sendo escrita através de postagens no blog. Fora isso, ainda está com o texto “Mulheres que comem bem” em fase de produção, que terá Fabiana Carla no elenco.
Ao ser perguntada de conselhos a jovens artistas, disse que aprendeu com o tempo que “o sucesso não é a fama”. Senti muita intensidade em suas palavras quando me disse que os novatos devem entender que quando não se passa em um teste ou não se ganha um concurso, não deve ser tomado como algo pessoal. “Não é com você, acredite”.
E só Clarice Lispector poderia terminar: “A palavra é o meu domínio sobre o mundo”.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Crime e Castigo

Crime e Castigo é um livro russo, escrito em 1866 por Fiódor Dostoievisky. Trata-se de um clássico da literatura universal, obrigatório para quem gosta de qualidade literária.
Rodion Românovitch Raskólnikov é um estudante atormentado por suas próprias ideias. Com vontade de se diferenciar do resto das pessoas, planeja o assassinato de uma velha agiota, que ele acredita que não irá fazer a menor falta ao resto do mundo. Entretanto, enquanto executa seu plano é surpreendido por Lisavieta, irmã da velha, e a assassina também.
O romance trata do desespero de Raskólnikov sobre o seu ato criminoso. Enquanto estava planejando, acreditava que não teria remorsos nem dores de consciência. Porém, ao partir para a realidade, se vê afundado em culpa e medo.
É muito interessante perceber a forma com Dostoievisky relata teorias tidas como novas à epóca, sobre depressão, euforia, pânico. Diversas personagens surgem para dar realismo à trama, deixando o leitor em constante tensão.
Mesmo já sendo sabido desde o início quem é o autor do crime, o suspense aumenta a cada linha no que tange o futuro do estudante. Nos vemos torcendo pelo assassino.
Não se pode falar em mocinhos e bandidos na obra, exatamente assim como na vida real. A maneira de Dostoievisky construir seus personagens é brilhante, pois mesmo aqueles que apenas passam pelo texto trazem defeitos e qualidades. São humanos.
O mais interessante de ler Crime e Castigo hoje é perceber que por mais que a tecnologia e a informática dominem o mundo, o homem ainda continua o mesmo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alterações

Fiz algumas alterações na minha lista de clássicos. Ficou assim:

1) Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez (lido)
2) Olhai os Lírios do Campo - Erico Verissimo (lido)
3) Crime e Castigo - Dostoiévski (lendo)
4) O Morro dos Ventos Uivantes - Emile Bronte
5) Dom Casmurro - Machado de Assis
6) Cinco Minutos - José de Alencar
7) Ensaio sobre a Cegueira - Saramago
8) 1984 - George Orwell
9) Doutor Jivago - Boris Pasternak
10) O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Salinger
11) Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
12) O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry
13) Madame Bovary - Gustave Flaubert
14) O Pagador de Promessas - Dias Gomes
15) O nome da Rosa - Umberto Eco
16) Vidas Secas - Graciliano Ramos
17) Olhinhos de Gato - Cecília Meireles
18) A Hora da Estrela - Clarice Lispector
19) O Cortiço - Aluísio Azevedo
20) Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

Olhai os lírios do campo

Eu estava envolvida com "Crime e Castigo", uma obra de dois volumes e 600 páginas. Bastante empolgada, na verdade. Mas eis que o Samuel (maridão) veio me visitar aqui no Rio e trouxe alguns livros do Erico Verissimo. Sem interromper Dostoievisky, iniciei a leitura de "Olhai os Lírios do Campo".

Não consegui mais parar. A primeira parte do livro, onde é apresentado o "Eugênio", é instigante. Erico Verissimo mescla passado com presente, e traz a infância e adolescência do personagem junto com a angústia dele de chegar até "Olívia" que se encontra gravemente doente.

Porém não senti a mesma intensidade na segunda parte. O autor filosofa seguidamete, deixando a leitura meio monótona. O então médico Eugênio vive uma crise existencial e muda radicalmente a sua vida e seus valores, ao assumir a paternidade e a profissão.

Excelente livro, mas o próprio Veríssimo reconhece que a Olívia é uma personagem que não existiria na vida real. Concordo com ele. Abaixo segue a transcrição do prefácio do livro.

Com a publicação de Olhai os Lírios do Campo operou-se uma mudança considerável em minha vida. O romance obteve tão grande sucesso de livraria, que se esgotaram dele várias edições em poucos meses, deixando editores e escritor igualmente satisfeitos e perplexos. Tamanha foi a influência desse livro no espírito de certos leitores, que ele teve a força de arrastar consigo os romances que o autor publicara até então em tiragens modestas que levavam quase dois anos para se esgotarem.
Posso afirmar que só depois do aparecimento de Olhai os Lírios do Campo é que pude fazer profissão da literatura.
Como explicar o êxito desse livro? Talvez se deva à sua natureza romântica e ao fato de ter uma "intriga". Olívia transformou-se numa espécie de ídolo dum vasto público, feito principalmente de mulheres. Suas cartas passaram a ter para muita gente um sabor evangélico.
Confesso, entretanto, que não tenho muita estima por esse romance. Acho-o hoje um tanto falso e exageradamente sentimental. Sua popularidade às vezes chega a me deixar constrangido.
Vejamos claramente o que tenho contra ele. Para principiar, a construção. A primeira parte é intensa e cheia dum interesse que jamais enfraquece. Na segunda, porém, esse interesse declina, e a história se dilui numa série de episódios anedóticos sem unidade emocional. Eu mesmo já tratei de justificar esse defeito dizendo que a vida no fim de contas é assim, isto é, não se trata de algo simétrico e arrumado como nos romances bem-feitos. A verdade é que nem eu mesmo consegui aceitar avalidade de meus próprios argumentos.
A dedicação, o altruísmo e a nobreza de Olívia me parecem inumanos. Não convencem. Pouco convincente também é a covardia de Eugênio. A cena em que o vemos a fazer a sua primeira operação, do ponto de vista da mera redação, está razoavelmente bem feita; do ponto de vista da verdade psicológica, porém, é um absurdo. Um homem de estômago fraco e que tem horror ao sangue jamais se dedicaria à cirurgia e, se se dedicasse, com o tempo acabaria por habituar-se a cortar a carne dos pacientes sem que isso lhe provocasse arrepios, náusea ou medo. Acaso não teria ele, como estudante, freqüentado o necrotério e os ambulatórios da Santa Casa?
Ao dar com Florismal, na última releitura que fiz de Olhai os Lírios do Campo, lembrei-me do Cuca Lopes de O Tempo e o Vento. (A parecença, no entanto, é meramente física.)
O pavor de Eugênio ao despertar no quarto escuro do internato numa noite de tempestade (Quem sou? Onde estou?), havia de repetir-se muitos anos mais tarde em O Continente, com Bolívar Cambará na sua noite de angústia, na véspera do enforcamento do negro Severino.
Como Bolívar, o Mr. Tearle de Olhai os Lírios do Campo vivia assombrado pela lembrança dum homem que matara na guerra.
E, como muitas de minhas personagens em diversos romances, Eugênio sente quase todas as emoções no estômago, na forma duma náusea.
Há em Olhai os Lírios do Campo uma filosofia salvacionista barata que me faz perguntar a mim mesmo como pude escrever tais coisa, mesmo levando-se em conta o fato de ter atribuído essa filosofia a personagens do livro.
Não posso, no entanto, afirmar que o romance me desagrade de princípio a fim. Encontro nele páginas que ainda hoje me comovem e parecem das melhores dentre quantas este autor haja escrito en su perra vida, como diria Don Pepe García. Entre elas destaco a cena em que Eugênio à hora do jantar encara o pai, depois de ter fingido não conhecê-lo na rua àquela tarde; e a da visita do mesmo a Florismal, que está à morte num leito da Santa Casa de Misericórdia; e ainda muitos dos diálogos entre Olívia e Eugênio.
Talvez Olhai os Lírios do Campo deva ser considerado mais uma parábola moderna na forma de romance do que um romance propriamente dito.
Seja como for, aqui está o livro, com algumas correções no que diz respeito à linguagem.
Se a história deu prazer a tanta gente (a julgar pelos milhares de cartas que até hoje venho recebendo e por manifestações pessoais de viva voz da parte de incontáveis leitores), não vejo razão para impedir que ela continue a sua carreira.

Erico Verissimo, 1966



Vou vender livro!

Preciso colocar o "Ser Clara" nas livrarias. Tenho um livro de qualidade. Recebi vários elogios, as pessoas estão gostando. Foi lançado em outubro de 2009, mas ainda não teve a divulgação merecida.

Infelizmente não entendo nada de publicidade e muito menos de distribuição de livros. Vou fazer uma tentativa pela internet, afinal de contas é o meio mais acessível e barato. Entretanto para chegar nas prateleiras é preciso um passo mais largo, que estou receosa de dar por puro desconhecimento.

Conto com a coloboração dos amigos com ideias e sugestões. A minha amiga Graciela Mayrink (escritora carioca) me indicou o site Skoob. Muito bacana. Já me cadastrei e estou aprendendo a utilizar a ferramenta. Já utilizo o twitter como forma de divulgação do meu trabalho. Isso sem contar com a minha coluna do Mundo Mulher. Mas sei que tenho que ampliar o leque.

Em relação às livrarias só tenho acesso aqui no Rio e em Brasília. Financeiramente falando não vale a pena me enfiar Brasil a dentro sem um marketing planejado, mas estou sentindo necessidade de fazer alguma coisa. Quem escreve, quer ser lido. Tem muita gente por aí que iria amar o meu livro. Tenho certeza.

Estou com pensamento positivo. Só falta traçar o caminho. Tudo vai dar certo no final.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Revisão coletiva do meu texto

Na última aula do curso com o Moacir C. Lopes levei uma crônica para ser analisada. Sou uma péssima revisora dos meus próprios textos, mas mesmo assim li e reli umas mil vezes. Imprimi, tirei xerox para os colegas e levei para sala de aula.

Muito nervosa, entreguei uma cópia para cada colega. O professor fez a leitura em voz alta, e eu mesma fui vendo o monte de bobeira que tinha escrito. Erros de digitação, de grafia, de concordância. Fiquei tremendo, minha mão suava e não pude deixar de sentir vergonha.Os colegas davam suas opiniões e eu escutei a tudo angustiada.

Se eu disser que foi bom, estou mentindo. Mas também não posso dizer que foi ruim. Pela primeira vez tive críticas técnicas. Ninguém me disse que era "bonitinho" ou "divertido". Falaram de verdade o que achavam, e no final das contas o saldo positivo.

Ponho aqui o texto, após as devidas alterações.

Dezoito anos
Por Janaina Rico

Se eu tivesse um super poder neste momento eu voltaria no tempo. Mas não em um momento qualquer. Seria para exatamente quando eu tinha dezoito anos.
Regressaria determinada a mudar tudo. Começando por mim mesma. E não permitiria que ninguém dissesse o que tinha que fazer ou deixar de fazer. Para onde tinha que ir ou não poderia ir. Simplesmente acreditaria em mim e nos meus planos e não daria a ninguém  a oportunidade de dizer que eu não estava certa.
Iria a festas. A todas as festas a que me convidassem. Nos mais variados lugares e horários, com o mais extenso leque de convidados. Festas de todas as tribos e grupos. Festas, festas e mais festas sem nenhuma restrição.
Seria dona do meu nariz e não aceitaria qualquer pessoa resolvendo os rumos que deveria seguir. Só caberia a mim a decisão de ir para o norte ou para o sul. Arcaria com as minhas decisões pois só eu as teria tomado.
Se tivesse novamente dezoito anos, me daria todas as chances que alguém deve ter aos dezoito anos. E viajaria, e conheceria o mundo, e estudaria teatro, literatura, música. E tocaria violão, banjo, cavaquinho. E iria para lual em toda noite de lua cheia. E dançaria em volta de uma fogueira quando estivesse com frio.
Faria amigos, pois não ia deixar que ninguém me ensinasse a ter medo de gente. Daria chances às pessoas pois só assim teria chances. Cresceria com os meus amigos para ficarmos juntos por toda a vida, lembrando de quando tínhamos dezoito anos.
A vida seria boa, como deve ser aos dezoito anos. Não permitiria que arrancassem de mim a liberdade da juventude. Protestaria contra as injustiças, faria passeatas, reinvindicações, discursos. Com a certeza de que estaria construindo um mundo melhor, mais gostoso.
Viveria muito, intensamente, pulsantemente. Acreditaria em mim e faria a diferença, sendo alguém de quem me orgulhasse. Me olharia alegre no espelho, com prazer, gostando da imagem refletida. Por isso, sorriria muito, para mim e para o mundo, com a certeza de que todos gostavam de mim.
Ah, se eu tivesse novamente dezoito anos a vida seria de cor e de arte, com luz e alegria, sem gente amarga amargurando a minha vida. Teria me afastado de qualquer um que não quisesse me fazer crer que eu não era bonita, que não era inteligente, que não era bacana, pois se tivesse novamente dezoito anos, seria inteligente, bonita e bacana como ninguém mais poderia ser.
Namoraria muito, daria beijos apaixonados, faria amor em todos os lugares que quisesse. Carregaria comigo a bandeira da felicidade e da paixão, não permitiria jamais que alguém a tirasse das minhas mãos. Seria a porta bandeira de tudo que há de mais belo.
Se tivesse novamente dezoito anos construiria uma vida plena, absoluta, feliz. Mas acontece que não tenho nenhum super poder. E não vou voltar no tempo. E os meus dezoito anos não voltarão nunca mais.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Flávio Carneiro

Vou colocar aqui o e-mail que o Flávio Carneiro me mandou, em relação à postagem "Paulo Coelho", onde eu comento o texto "A Ficção Falsa".


Oi, Janaina,
 
não tem problema nenhum você discordar do que eu disse, imagina. Só acho que a questão não é bem essa. Não acredito que vender muito seja critério de qualidade. Macedo e Aluísio eram muito mais populares do que Machado e nem por isso eram melhores do que ele. Paulo Coelho deve ter qualidades sim, mas não como ficcionista e sim como escritor de livros de autoajuda. Foi isso que disse no ensaio, que há muita ficção falsa por aí, muito livro doutrinário que passa por literatura de ficção.
Abraços,
 
Flávio

Criatividade bombando!

Não sei se acontece com muitas pessoas, mas eu nunca tenho uma ideia sozinha. É assim: quando eu penso em fazer uma coisa, junto vem a vontade de fazer mais duas. E lógico, que isso não deixaria de acontecer agora.

Estou finalizando o meu romance "Só Ana". O grande problema é que cada vez que eu o releio, altero o texto todo. Joana, uma amiga nova do curso de Dramaturgia e Roteiro, disse que um texto a gente nunca finaliza e sim, abandona. Ainda não consegui abandonar o "So Ana".

Entretanto, tive uma luz para um roteiro teatral que ficou me azucrinando por duas madrugadas seguidas. Por conta dessa "revelação" estou sem encostar o dedo em Dostoievisky e em "Só Ana". Ainda não tenho um nome para o meu roteiro, e também não consegui abandoná-lo.


E hoje acordei com outra inspiração. Não quero trabalhar nem no roteiro nem no romance neste momento. Estou com um conto na cabeça. E o pior é que se eu não escrever ele agora, o texto irá se perder no meio dessa minha cabeça tão confusa.

Mas posso confessar uma coisa? Estou amando a explosão de criatividade. Tomara que fique assim por muito tempo, e que eu consiga só um pouquinho de organização para terminar os projetos começados.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dramaturgia e Roteiro

É muito gostoso quando a gente vê que as portas não estão apenas se abrindo, e sim se escancarando na nossa frente.

Felicidade é meu segundo nome no momento. Estou tendo a grata oportunidade de participar de um curso de Dramaturgia e Roteiro com ninguém menos que Regiana Antonini. Só para dar dimensão da minha alegria, segue o currículo da minha nova professora:


Atriz, autora e diretora teatral. Ganhou PRÊMIO SHARP DE MELHOR AUTORA 96 pelo texto Futuro do Pretérito, dirigido por Marcelo Saback e encenado pela atriz Lilia Cabral. É autora também: “Aonde Está Você Agora?", “Solteira, Casada, Viúva, Divorciada",  (ESQUETE "Divorciada"); “Banheiro Feminino”; “Orgasmo Telepático” (os dois dirigidos por ela) Cinco Vezes Comédia  (ESQUETE: "Mulheres que Comem Bem"), Cleópatra, “O Filho da Mãe" (em cartaz no Teatro Ipanema); e os infantis: “Branca Como a Neve", "Pinóquio", "Fofíssimas Ladys Show" – com Cláudia Rodrigues.
Escreveu para o programa Você Decide, Sai De baixo, Brava Gente e atualmente escreve para o programa  Zorra Total.
Tem dois livros editados: “Delírios de Uma Vaga Insônia” e “Aonde Está Você Agora ?". Tem mais três livros para serem editados: “Apesar Desses Seus Olhos Tristes ”, “Viagem ao Planeta Mãe ” e “O Livro   do Amor”.
Projetos de teatro em andamento: “O Chá das Cinco”, “E o vento vai levando tudo embora” – continuação do seu texto “Aonde está você agora?”, “Compulsão”, Alguém Entre Nós, Doidas e Santas – adaptação do livro de Martha Medeiros com Cissa Guimarães e direção de Ernesto Piccolo.


O primeiro encontro com o grupo foi maravilhoso! Pessoas muito talentosas e cheias de inspiração. Estou nas nuvens. Encontrar-me-ei com eles todas as segundas, na sede da Companhia de Teatro Contemporâneo. Bom demais!

sábado, 15 de maio de 2010

Paulo Coelho

Hoje nos meus estudos, li um texto chamado "A ficção falsa" do crítico literário Flávio Carneiro. Aliás, recomendo. Quem quiser lê-lo, está no site www.flaviocarneiro.com.br

Flávio diz no seu artigo:
"Não gosto de Paulo Coelho porque gosto da literatura. Não gosto de Paulo Coelho porque, como Bartolomeu Campos Queiroz, acredito que a 'fantasia é o que há de mais íntimo em nós' , e não posso gostar de ver alguém vendendo intimidades pré-fabricadas". 

Eu nunca li Paulo Coelho, e nem preciso. Já sei que não gosto. Mas acho um pouco forte dizer que não se pode gostar dele porque se gosta da literatura.Os livros do sujeito vendem como água. O autor é conhecido no mundo todo. Gostem os críticos ou não. Então algum valor seus livros devem ter.  


Acredito que em qualquer tipo de arte há espaço para todos. No cinema por exemplo, não há que se comparar um clássico como Cinema Paradiso com Missão Impossível. Contudo, dependendo do momento, a segunda opção pode ser muito mais divertida. 


Na literatura existe um preconceito muito grande com algumas vertentes. Qual o problema de se fazer livros de entretenimento? Eles são menos literatura que os outros? Muito se critica a denominada "literatura de mulherzinha", contudo esquecem que Machado de Assis escrevia para mulheres, no que poderia ser considerado uma "literatura de mulherzinha" da sua época. 


Na minha visão de leitora, o grande problema de Paulo Coelho está naquela auto ajuda de botequim, psicologia barata. Entretanto, se há milhares de pessoas que gostam, paciência. Tiro o chapéu para ele. 


Não acho que exista livro ruim. O que existe é o leitor certo para cada livro. Mas cá para nós, ainda bem que não sou eu a leitora certa do Paulo Coelho.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O ato de criar

"O ato de criação obedece a um impulso mágico, um estado de divindade, é individual, solitário, a extrapolação do mundo restrito e prático do autor para um universo de amplitudes que nem ele mesmo pode controlar; evade-se de sua própria condição humana e mergulha num tempo e num espaço que atingirão dimensões tão vastas quanto seu talento e sua imaginação sejam capazes de abranger". Moacir C. Lopes

Das artes, talvez a literatura seja a mais solitária. No teatro, na música, nas artes plásticas, no cinema, o artista pode agrupar de uma só vez diversas pessoas para admirarem o seu trabalho. Com livros isso não ocorre. O escritor, por sua essência, está sozinho no momento da criação. E o leitor também estará sozinho na hora da leitura.
   
O ato de criar, para mim, é uma junção de prazer e sofrimento. Amo escrever. As palavras saem involuntariamente. Quando escrevi o "Ser Clara" vivi um surto. Me misturava com a história sem perceber e sentia uma emoção gigante que foi se intensificando a medida que eu me aproximava do final. Nos dias seguintes ao término, vivi um vazio. Parecia que estava faltando alguma coisa no meu corpo. Mas eu já tinha dado vida aos meus personagens, e não tinha como voltar atrás.

O sofrimento veio depois. O medo de que as pessoas não gostassem do meu livro. A minha criação para mim é como um filho. Eu sei de todos os defeitos que tem, mas não quero ouvir ninguém os listando. E junte-se a isso a vergonha de as pessoas saberem o que se passou na minha cabeça para produzir aquela obra. Um livro é uma bolinha de cal, que o autor vai moldando à sua maneira.

E estou novamente vivendo essa explosão de sentimentos. Meu livro novo está se desenhando na minha frente, e as personagens estão me dominando. Não tenho conseguido dormir. E como estou lendo muito, minha mente se funde no que eu leio e no que eu escrevo, me fazendo andar assim, meio que flutuando, sem conseguir concatenar as ideias. É muito gostoso.

Meu maior desejo é que as pessoas sintam ao me ler o mesmo prazer que eu senti ao escrever. Meu objetivo terá sido alcançado.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Uma base bem sedimentada

Estudando pelo livro "Guia Prático de Criação Literária", de Moacir C. Lopes, me deparei com o seguinte parágrafo:

"Como, para estudar Direito, tem-se de começar pelo Código de Hamurábi e o Direito Romano, para se tornar engenheiro são necessárias noções de estrutura e argamassa, eu achava que para a aventura de escrever uma peça de ficção era necessário conhecer o que havia sido feito antes de mim, ler pelo menos uma parte dos grandes mestres da literatura universal, indagar por que se tornaram mestres". 

Ler é um grande barato! Na verdade, acho que é um dos maiores prazeres que eu tenho. Comecei a ler muito cedo e sempre gostei. Na época do colégio, adorava as aulas de literatura. Quando fiz cursinho para prestar o vestibular, fiquei tão empolgada com alguns dos professores que quase troquei o Direito por Letras. Pensando friamente hoje, acho que teria sido uma decisão acertada.

Mas quando a gente se mete a escrever, a forma da leitura tem que mudar um pouquinho, e eu só fui me dar conta disso agora. Precisamos fazer uma análise crítica, absorvendo o que o autor quis realmente passar, qual o seu estilo e tentando captar sua motivação.

Devorei Gabriel García Marquez de uma forma muito mais intensa do que o teria feito há um mês. Prestei atenção nos seus detalhes e na sua riqueza. Estou fazendo o mesmo agora com Dostoievisk, e ainda tenho uma lista de dezoito autores a cumprir.

Minha esperança é poder captar tudo o que tiver de melhor em todos os livros que passarem pelas minhas mãos a partir deste estudo, para que eu possa proporcionar a quem me lê a mesma alegria que eu sinto quando leio livros de qualidade.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Marquez

O cara que recebe o Nobel de literatura não pode ser fraco! E Gabriel García Marquez demonstrou isso com clareza em Cem Anos de Solidão (Cien Años de Soledad).

A obra, considerada uma das mais importantes da literatura latino-americana me envolveu, me encantou, me hipnotizou. Sou obrigada a usar a frase clichê dos escritores, mas é o livro que eu gostaria de ter escrito. E é o livro que eu mais gostei de ler.

Confesso que em algumas passagens ele se tornou meio confuso aos meus olhos. Um monte de Aurelianos, José Arcadios e Amarantas algumas vezes me confudiram e eu tinha que voltar na história para me situar. Sorte a minha que eu só leio com um lápis, marcando tudo que acho importante. Facilitou a compreensão e recomendo para quem vai iniciar a leitura.

Mas o enredo é perfeito. Passei duas noites sem conseguir dormir, querendo saber de Macondo e da família Buendía. Criei um carinho muito especial por Úrsula, que foi a mais inteligente em todo livro. Não me identifiquei com nenhum personagem, e fiquei muito feliz por isso, pois Gabriel García Marquez retrata em seu realismo fantástico seres que prefiro que só existam nas páginas de um livro, mesmo sabendo que no nosso mundo estão todos habitantes daquela aldeia.

No último capítulo me arrepiei de emoção, que foi crescente e me fez chegar na última palavra com lágrimas nos olhos. Não somente pela história, mas principalmente pela felicidade de saber que o ser humano é capaz de inventar algo tão sensível como Cem Anos de Solidão.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Macondo me hipnotizou

Hoje eu só sai de casa para movimentar o corpo por pura necessidade. Minha vontade era passar o dia inteirinho jogada na cama, lendo. Muito a contragosto, coloquei uma legging e um tênis e fui caminhando até a Casa de Cultura Laura Alvim. É um espaço bem legal, em Ipanema. que tem cursos, teatro, cinema e exposições. Eu tinha visto na internet que tinha curso de literatura, mas quando cheguei lá me deram uma tabelinha com a lista de cursos e no momento não havia nenhum de literatura. Os que estão tendo agora são:

- Oficina de teatro para atores profissionais com Suzana Kruger
- Oficina de teatro para iniciantes com Suzana Kruger
- Oficina de teatro para atores intermediários com Suzana Kruger
- Atuação teatral nível intermediário com Daniel Herz
- Interpretação para atores com Daniel Herz
- Atuação teatral para atores profissionais com Daniel Herz
- Atuação teatral para iniciantes com Daniel Herz
- Clássicos do teatro com Mariozinho Telles
- Oficina teatral com Daniel Terra
- Teatro para crianças com Maria Rita Resende
- Oficina de História em Quadrinho com Luiz Carlos dos Santos
- Artes Visuais com Ricardo Simões
- Pintura Óleo sobre Tela com Lea Ventania
- Papier Maché com Lygia Torres
- Oficina de grafite com Pamela Castro
- Escultura, abstração e arte conceitual com Cláudio Aun

Viu, isso é que é bacana aqui no Rio. Aqui existe a valorização da cultura. Pessoas vivem de arte, coisa que em Brasília é quase impossível. O endereço, para quem se interessar, é Avenida Vieira Souto, 176 - Ipanema.

Mas, voltando ao livro Cem Anos de Solidão... Ainda faltam umas trinta páginas. A minha vontade era de só escrever quando terminasse de ler, mas como já está tarde estou com medo de só terminar de madrugada e eu não fazer a minha postagem de hoje.

Então amanhã, sem falta, falarei sobre os Buendía e Macondo, e como eles me hipnotizaram! Nem vou escrever mais nada pois estou agoniada para voltar a ler.


Até!

domingo, 9 de maio de 2010

Lendo, lendo, lendo...

Hoje passei o dia enfiada no apartamento lendo. Está chovendo muito de forma que não sai nem para a caminhada. Só desci na hora do almoço, para comprar um sanduíche de carne assada.

Comecei ontem a ler Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Marquez. Já passei da metade, e pelo andar da carruagem acho que termino até amanhã.Quando eu chegar ao fim coloco aqui minhas impressões.

Estou esquisita, um tanto tristinha, pois eu nunca tinha passado um dia das mães longe do meu filho. A vida é feita de sacrifícios, mas tenho certeza que tudo será recompensado.

De qualquer forma, um feliz dia das mães para todas as mamães, e em especial para a minha.

sábado, 8 de maio de 2010

Rio, seu mar, praia sem fim...

Ontem eu estava a fim de dar uma caminhada pela manhã. Preciso mover o corpo para oxigenar a cabeça. Olhei no google maps e descobri que estou hospedada perto do arpoador. Coloquei meu tênis, passei o protetor solar e me mandei.

Se eu fosse seguir o que o google maps me indicava, acho que eu não conseguiria ir nem na esquina, mas logo que cheguei no calçadão vi uma gigantesca placa indicando o caminho do Arpoador e do bairro de Ipanema. Desse jeito ficou fácil.

Seguindo pelas ondas feitas em quadrinhos pretos e brancos que estampam milhares de cangas espalhadas no país, cheguei ao final do bairro de Copacabana. Tem uma feirinha de peixes e um museu da marinha. Vou com calma depois visitar esse museu. Quase que eu desisti ao passar dali, pois vem um monte de prédios e não vemos mais o mar, mas mesmo assim resolvi continuar no caminho que a placa de trânsito indicou.

Mais umas passadas e estava em frente ao Parque Garota de Ipanema. Como eu tinha visto este ponto de referência na internet, vi que estava no caminho certo. Segui meu rumo.

Daqui a pouco fiquei sem ar. Vi uma imensidão de água azul, com montanhas ao longe, e reconheci o Arpoador à minha esquerda. Eu já tinha visto muita coisa bonita em toda minha vida, mas nada que se aproximasse com aquilo.

Eu já conhecia o Rio. Já tinha ido em Copacabana e em já tinha ido em Ipanema. Mas ainda não tinha visto a divisa dos dois. Que espetáculo da natureza! Deus estava muito inspirado quando resolveu criar aquilo ali. É perfeito, inspirador, mágico.

Me animei e caminhei por mais de duas horas. Fui até o posto 11, passando por barracas que ensinam a jogar vôlei, outras com bandeira gay, e muitas que informavam que os atendentes sabiam falar inglês. Estar no Rio é estar no que há de mais belo. As pessoas que faziam seu cooper matinal exalavam beleza. Os cariocas, os estrangeiros, os turistas nacionais, todos... A beleza do lugar contagia as pessoas. Aqui o povo caminha rindo! A impressão que eu fiquei é que todo mundo tem plena consciência de estar em um dos lugares mais bonitos do mundo.

Só poderia ser aqui o lugar dos artistas do nosso país. Para mim está tudo explicado. É impossível não querer fazer arte quando se está dentro de uma obra de arte como o Rio de Janeiro.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Começou de verdade!

Agora acabou a gracinha. Ontem começou o curso e eu tenho que mostrar para que foi que eu vim!

Encontrar a Estação das Letras foi muito fácil. A estação do metrô (Ipanema/General Osório) fica aqui bem pertinho de casa. Desço na estação Flamengo que é do lado do curso. Mais tranquilo impossível! Na ida o trem estava super vazio. Na volta, por conta do horário (19:00h.) estava um pouquinho mais cheio, mas nada que assustasse.


A dona de lá é um doce de pessoa, Suzana Vargas. Eu fui mais cedo já que não conhecia o trajeto e ainda tinha que fazer a inscrição, e ela ficou batendo papo comigo e com o professor. O nome dele é Moacir Lopes. Ele é fera! Autor de diversos livros, sendo um deles "A ostra e o vento" que foi adaptado para o cinema. Vale a pena dar uma olhadinha no site dele (http://www.moacirclopes.com.br).

A aula de hoje teve como tema "o autor e seu universo". Achei um barato a forma com que o Professor falou de diversos autores. Ele é uma biblioteca ambulante. Ele nos entregou uma "esférica ideológica" onde nos faz ver que todo texto se inicia como uma viagem! Show de bola!

Tenho que ler, ler e ler. Sempre fui uma leitora compulsiva. Leio initerruptamente. Quando começo um livro não consigo fazer mais nada até chegar no final. Mas confesso que sempre fui relapsa com os clássicos. Talvez por falta de alguém para me orientar no que ler. Agora que tive essa orientação, não tenho mais como fugir.

Fiz uma lista de 20 clássicos para ler ou reler. São eles:

1) Dom Quixote - Miguel de Cervantes
2) Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
3) Crime e Castigo - Dostoiévski
4) O Morro dos Ventos Uivantes - Emile Bronte
5) Dom Casmurro - Machado de Assis
6) Cinco Minutos - José de Alencar
7) Ensaio sobre a Cegueira - Saramago
8) 1984 - George Orwell
9) Doutor Jivago - Boris Pasternak
10) O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Salinger
11) Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
12) O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry
13) Madame Bovary - Gustave Flaubert
14) O Corcunda de Notre-Dame - Vitor Hugo
15) Os Três Mosqueteiros - Alexandre Dumas (pai)
16) Vidas Secas - Graciliano Ramos
17) O Tempo e o Vento - Érico Veríssimo
18) A Hora da Estrela - Clarice Lispector
19) O Cortiço - Aluísio Azevedo
20) Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto


Sei que a lista está caprichada! O problema é comprar todos eles. Com essa coisa de vir para o Rio, fazer curso, me bancar, a grana está curta. A solução que achei foi pedir para os meus parentes e amigos mais próximos que me ajudassem a comprar, já que meu aniversário é no próximo dia 22. Mas se você, que está me lendo agora quiser dar uma mãozinha e um presente de aniversário, ficarei muito agradecida!


De qualquer maneira, para a próxima aula eu tenho que ler os capítulos I e II do livro utilizado no curso (Guia Prático de Criação Literária, de Moacir C. Lopes), e escrever uma crônica para ser lida. O professor e os outros alunos vão ler e críticar. Ai que medo!


Sendo assim, vou colocar a mão na massa.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Alô, alô, responde...

Tem certas coisas que acontecem nesse nosso país que tira qualquer um do sério...

Ontem de noite eu saí para telefonar em um orelhão para o Luiz ( meu filho). Desci e fui procurar um telefone público. Achei daqueles que ficam 3 no mesmo poste. Coloquei o meu cartão telefônico no primeiro, e quando fui tentar discar vi que estava quebrado. Ok, fui para o outro, e também estava quebrado! E o terceiro idem!

Fui andando procurar por outros telefones e passei por nada mais, nada menos do que 12 orelhões quebrados!!! Isso mesmo, você não leu errado: DOZE ORELHÕES QUEBRADOS!

Copacabana é um dos locais mais famosos do Brasil. Altamente turístico, com gente do mundo todo que quer conhecer as belezas naturais do Rio de Janeiro. E não se encontra um telefone público funcionando? Como é que o gringo faz para telefonar se não tiver um celular habilitado no Brasil? Todo mundo é obrigado a ter um celular? E a própria população daqui, os moradores do bairro? Eles nunca precisam de telefone público?

Pedi ajuda de um porteiro de um bloco. Perguntei se ele sabia onde eu achava um funcionando. Ele deu uma risadinha e disse que eu tinha que ter muita sorte. Eu dei. No décimo terceiro consegui telefonar. Mas fiquei com essa pulga atrás da orelha. A culpa é do poder público que não cuida? A culpa é da população que estraga? Ou a culpa é dos dois?

O que eu sei é que eu preciso ligar para Brasília todos os dias. Então vou comprar um chip de celular daqui. Quem não tem cão, caça com gato.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Quem tem amigo, não morre pagão

É como diz aquele velho ditado popular: é melhor ser amigo do Rei do que ser o Rei.

Estou no apartamento de uma grande amiga. Ela mora em Brasília, mas é uma carioca saudosa, e por isso mantém o imóvel aqui, para passar férias. Fica em Copacabana e apenas duas ruas me separam da praia. Já dei voltas pelo quarteirão e vi que tem tudo o que eu preciso, bem pertinho de mim. Padaria, supermercado, farmácia, restaurante. Também tem boteco, mas eu juro que vou tentar não frequentá-lo.

Achei bacana que recebi um monte de e-mail, sendo a maioria de gente que eu não conheço, comentando o post anterior. Eu não entendo o motivo de as pessoas não comentarem diretamente no blog, mas reconheço que fiquei feliz com a resposta. As vezes fico meio angustiada com o fato de não ter respostas. Parece que estou escrevendo para o vento e que as únicas pessoas que estão acompanhando as besteiras que eu escrevo são a minha mãe e o Samuel. Mas estou sempre sendo surpreendida com novos leitores e fico imensamente feliz com isso.

Recebi alguns conselhos para não abrir tanto a minha vida. Mas sou transparente demais para fazer tipo. Não sou capaz de guardar um segredo e só posso escrever sobre aquilo que vivo. Claro que quando estou fazendo uma ficção a coisa é diferente, solto a imaginação. Só que aqui é a minha vida e não tenho como fantasiar ou esconder. "Eu nasci assim, eu cresci assim"...

É isso aí! Agora é hora de trabalhar e meter as caras no livro novo! Deixa eu abrir o word. Amanhã a gente conversa mais.

Beijos!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Tô indo pro Rio

Minha maior angústia neste momento da minha vida é o fato de não ter uma máquina fotográfica.


Calma, não sou nenhuma louca consumista que precisa comprar coisas para ser feliz. É que estou indo para o Rio de Janeiro e sei que terei acesso a tantas imagens, cores e pessoas que será impossível guardar todas as lembranças na minha cabeça


Estou com trinta anos. Já fiz um monte de coisas: conheço todas as regiões do Brasil e dois países estrangeiros; escrevi um livro; passei em concurso público; cursei uma faculdade; tive filho; sofri aborto; casei; descasei; casei de novo; traí; fui traída; plantei árvore; salvei vida; vi gente morrendo; vi gente nascendo; acampei; pulei de cachoeira; andei de montanha russa; fiz teatro; fui figurante em novela; passei carnaval em Salvador e Olinda; fui em praia de nudismo; fiz amor na praia; pintei o cabelo de loiro, preto, ruivo; usei cabelo longo; usei cabelo curto; raspei a cabeça; usei coturno; já fui magra; já fui obesa mórbida; escrevi poesia; dancei frevo.


Não posso me queixar da vida. No final das contas, sempre dá tudo certo. Tenho uma meia dúzia de pessoas muito bem selecionadas como amigas e um marido que me apóia em tudo, e eles acompanham as minhas novidades que nunca param. Resolvi ter mais uma para contar.

Tô indo fazer um curso de "Como Escrever Um Romance". Parece que isso por si só não tem graça nenhuma. Mas existem alguns fatores aí no meio que deixam a brincadeira interessante.

A primeira delas é que vou morar lá, sozinha, por dois meses. Nunca morei sozinha. Sempre tive alguém para cuidar de mim. Sou uma criança grande até hoje, que esquece de comprar sabonete ou papel higiênico, mas é porque sei que sempre tem alguém que compra para mim. Começo com o desafio de administrar minha própria vida.


Em segundo lugar estou encarando de verdade essa coisa de ser escritora. Chega de fingir que eu escrevo. Vou assumir a minha condição de escritora, estudar para isso, ver a coisa profissionalmente. Sei que o país não colabora, mas se é isso que eu quero, o país que se adapte a mim, oras! Não posso mais ser amadora no que eu amo fazer. Quero ser profissional.


E, em último mas não menos importante, quero aproveitar a empreitada para fazer uma faxina espiritual. Quero limpar a alma de rancores, mágoas e chatices. Vou exorcizar os meus demônios com papel e caneta (na verdade, com o teclado do meu computador). Tem gente que faz terapia com psicólogo. Eu vou fazer comigo, através de uma imersão em mim, de uma análise profunda e criteriosa dos meus pensamentos.


Acredito que quem escreve, quer ser lido. Por isso estou criando este novo blog. O antigo continua lá, falando de tudo o que me der na telha (http://janainarico.arteblog.com.br). Aqui eu quero falar dessa minha experiência de me tornar uma escritora de verdade, com a vantagem de ser na linda cidade do Rio de Janeiro.


Agora, vou desligar o computador e tomar um banho para me arrumar e ir para o aeroporto.


Boa sorte para mim na nova jornada.