quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bate papo com Stella Florence

Stella Florence pode ser considerada um norte a ser seguido por novos escritores. Quando tinha quase 30 anos, a autora percebeu que estava no lugar errado; resolveu jogar tudo para o alto e iniciar uma carreira nova. Não poderia ter feito escolha melhor: seu livro de estréia, “Hoje Acordei Gorda”, foi publicado pela editora Rocco e foi um sucesso de vendas!

Ama tanto os livros que transformou suas costas em um. Embelezou seu dorso com algo que ama, palavras. Apaixonada por Gabriel García Marquez, brinca que é tão íntima dele que só o chama de Gabo. Já tendo lido praticamente toda a obra do autor, recomenda “Do amor e outros demônios”.

Eu a conheci por meio do twitter (@StellaFlorence), e estamos desenvolvendo uma deliciosa amizade virtual. Quando pedi para entrevistá-la, fui prontamente atentida. Por razões geográficas (ela está em São Paulo e eu no Rio de Janeiro), o fizemos via e-mail.

Quando tomou a decisão de mudar de profissão e ser escritora com todas as letras, quem a cercava achou que ela tinha surtado de vez! Mas não desistiu. Tinha a certeza do sucesso. “A dúvida pertencia aos outros, não a mim”, disse-me. Assumiu essa condição em 1996, quando ainda não tinha nenhum livro publicado e sua produção era apenas alguns contos que só sua prima havia lido, mas não hesitou ao ser perguntada em uma festa junina qual era sua profissão: escritora!

Teve a felicidade de seu primeiro livro ter sido tão elogiado por Mario Prata, que algumas pessoas chegaram a imaginar que era ele o autor. Tudo se deu por uma brincadeira feita por ele, e Stella considerou isso um grande presente. Ainda não se conheciam, e ela enviou o livro para ele por e-mail. Mario Prata gostou tanto, que fez o prefácio, sobre o qual ela disse “o Mario Prata criou um dos melhores prefácios da literatura”.

Hoje, Stella Florence é a representante da “chicklit” (literatura de mulherzinha) em nosso país e não se incomoda nenhum pouco com isso. Sabe que os rótulos são necessários, e realmente seus livros são muito melhores do que o de outras autoras do gênero, como Candace Bushell e Marian Keyes. Seu livro 32 - 32 anos, 32 homens, 32 tatuagens é a prova concreta.

Reconhece que não é fácil viver das letras no Brasil, mas o dinheiro para ela não demorou a entrar. Sorte? Não! Puro talento! Enviou seus originais pelo correio, assim como centenas de pessoas fazem todos os dias. Processo esse que foi feito com uma dúzia de editoras, que chegavam a dizer que o “Hoje Acordei Gorda” não tinha potencial de venda. Stella sabia que estavam errados, e a Rocco também. Porém, houve entressafras, e hoje se sustenta da literatura. Sem grandes luxos, mas paga todas as contas.

Impossível não tocar no assunto da estética quando se tem um livro que traz 26 histórias sobre gordura. Um deles trata de distúrbios alimentares, mas o que realmente a inspirou foi uma eterna luta contra a balança. Já foi obesa e hoje se cuida. O grande barato para ela é que, não apenas as gordinhas, mas todas as mulheres curtem seu livro. “Elas experimentam a sensação de partilha que a literatura proporciona: 'Não sou só eu que sinto isso!'”.

Um de seus livros, “Ser menina é tudo de bom”, é um guia de auto estima para adolescentes. A recepção do público foi maravilhosa. E sua lista de livros vai aumentar mais um pouco. Em julho chega o “Só saio daqui magra”.

Perguntei a ela quais os conselhos para novos escritores, e ela me disse:

1) Esqueçam o imediatismo. Nenhuma profissão pede mais paciência do que a de escritor.

2) Leiam muito, escrevam mais ainda. É preciso exercício constante e bons mestres.

3) Usem a internet a seu favor: antes de estrear em livro, exercitem-se em blogs até as mãos ficarem bem azeitadas.

4) Com segurança e um trabalho de respeito, procurem uma editora que publique o seu estilo de literatura.

É isso aí, Stella! Continue nos enchendo de orgulho por ter você como um ícone da literatura atual!

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