quarta-feira, 16 de junho de 2010

Minha lista está assim:

1) Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez (lido)
2) Olhai os Lírios do Campo - Erico Verissimo (lido)
3) Crime e Castigo - Dostoiévski (lido)
4) Dom Casmurro - Machado de Assis (lido)
5) A Hora da Estrela - Clarice Lispector (lido)
6) O Morro dos Ventos Uivantes - Emile Bronte (lendo)
7) Cinco Minutos - José de Alencar
8) Ensaio sobre a Cegueira - Saramago
9) 1984 - George Orwell
10) Doutor Jivago - Boris Pasternak
11) O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Salinger
12) Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa
13) O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry
14) Madame Bovary - Gustave Flaubert
15) O Pagador de Promessas - Dias Gomes
16) O nome da Rosa - Umberto Eco
17) Vidas Secas - Graciliano Ramos
18) Olhinhos de Gato - Cecília Meireles
19) O Cortiço - Aluísio Azevedo
20) Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

Projeto Toda Quarta

Tive uma idéia iluminada!
Juntei no mesmo balaio eu, Joana Cabral, Eliane Vallim e Graciela Mayrink, com um propósito que não poderia ser diferente, já que somos escritoras: vamos escrever um livro.
O tema estou proibida de dizer! Do jeito que sou fofoqueira, é difícil controlar o impulso. Mas por respeito às minhas amigas sou obrigada a me conter.
No entanto, para ir dando aquele gostinho de curiosidade, criamos um blog, onde iremos falando do que pode ser falado. Cada quarta, dia dos nossos encontros, uma de nós é responsável pela postagem. Olhem lá: http://projetotodaquarta.blogspot.com/
Estou certa de que vamos arrasar! Tanta mulher junta, assunto tem. Tanto talento junto, competência tem.

Bate papo com Stella Florence

Stella Florence pode ser considerada um norte a ser seguido por novos escritores. Quando tinha quase 30 anos, a autora percebeu que estava no lugar errado; resolveu jogar tudo para o alto e iniciar uma carreira nova. Não poderia ter feito escolha melhor: seu livro de estréia, “Hoje Acordei Gorda”, foi publicado pela editora Rocco e foi um sucesso de vendas!

Ama tanto os livros que transformou suas costas em um. Embelezou seu dorso com algo que ama, palavras. Apaixonada por Gabriel García Marquez, brinca que é tão íntima dele que só o chama de Gabo. Já tendo lido praticamente toda a obra do autor, recomenda “Do amor e outros demônios”.

Eu a conheci por meio do twitter (@StellaFlorence), e estamos desenvolvendo uma deliciosa amizade virtual. Quando pedi para entrevistá-la, fui prontamente atentida. Por razões geográficas (ela está em São Paulo e eu no Rio de Janeiro), o fizemos via e-mail.

Quando tomou a decisão de mudar de profissão e ser escritora com todas as letras, quem a cercava achou que ela tinha surtado de vez! Mas não desistiu. Tinha a certeza do sucesso. “A dúvida pertencia aos outros, não a mim”, disse-me. Assumiu essa condição em 1996, quando ainda não tinha nenhum livro publicado e sua produção era apenas alguns contos que só sua prima havia lido, mas não hesitou ao ser perguntada em uma festa junina qual era sua profissão: escritora!

Teve a felicidade de seu primeiro livro ter sido tão elogiado por Mario Prata, que algumas pessoas chegaram a imaginar que era ele o autor. Tudo se deu por uma brincadeira feita por ele, e Stella considerou isso um grande presente. Ainda não se conheciam, e ela enviou o livro para ele por e-mail. Mario Prata gostou tanto, que fez o prefácio, sobre o qual ela disse “o Mario Prata criou um dos melhores prefácios da literatura”.

Hoje, Stella Florence é a representante da “chicklit” (literatura de mulherzinha) em nosso país e não se incomoda nenhum pouco com isso. Sabe que os rótulos são necessários, e realmente seus livros são muito melhores do que o de outras autoras do gênero, como Candace Bushell e Marian Keyes. Seu livro 32 - 32 anos, 32 homens, 32 tatuagens é a prova concreta.

Reconhece que não é fácil viver das letras no Brasil, mas o dinheiro para ela não demorou a entrar. Sorte? Não! Puro talento! Enviou seus originais pelo correio, assim como centenas de pessoas fazem todos os dias. Processo esse que foi feito com uma dúzia de editoras, que chegavam a dizer que o “Hoje Acordei Gorda” não tinha potencial de venda. Stella sabia que estavam errados, e a Rocco também. Porém, houve entressafras, e hoje se sustenta da literatura. Sem grandes luxos, mas paga todas as contas.

Impossível não tocar no assunto da estética quando se tem um livro que traz 26 histórias sobre gordura. Um deles trata de distúrbios alimentares, mas o que realmente a inspirou foi uma eterna luta contra a balança. Já foi obesa e hoje se cuida. O grande barato para ela é que, não apenas as gordinhas, mas todas as mulheres curtem seu livro. “Elas experimentam a sensação de partilha que a literatura proporciona: 'Não sou só eu que sinto isso!'”.

Um de seus livros, “Ser menina é tudo de bom”, é um guia de auto estima para adolescentes. A recepção do público foi maravilhosa. E sua lista de livros vai aumentar mais um pouco. Em julho chega o “Só saio daqui magra”.

Perguntei a ela quais os conselhos para novos escritores, e ela me disse:

1) Esqueçam o imediatismo. Nenhuma profissão pede mais paciência do que a de escritor.

2) Leiam muito, escrevam mais ainda. É preciso exercício constante e bons mestres.

3) Usem a internet a seu favor: antes de estrear em livro, exercitem-se em blogs até as mãos ficarem bem azeitadas.

4) Com segurança e um trabalho de respeito, procurem uma editora que publique o seu estilo de literatura.

É isso aí, Stella! Continue nos enchendo de orgulho por ter você como um ícone da literatura atual!

domingo, 13 de junho de 2010

A Hora da Estrela - Clarice Lispector

É muito difícil falar sobre “A Hora da Estrela”. Último livro que Clarice Lispector publicou em vida, é uma obra curta, de poucas páginas, mas de uma intensidade visceral. Um soco no estômago em alguns trechos. Um carinho doce em outros. Qualquer coisa que eu diga sobre a criação será fraca, inferior e incapaz de retratar uma obra de tão absoluta qualidade.
A autora criou Rodrigo S. M., um escritor que conta a história de Macabéa.
Ele é chato. Me irritou profundamente em vários momentos. Fala de suas crises existenciais e criativas. Acha que é Deus, pelo menos daquela história. E é. A vontade que eu tive foi de entrar no livro e esbofetear o sujeito. Metido, esnobe, soberbo. Um homem que, por ser escritor, se acha superior às outras pessoas e não se envergonha disso.
A doçura vem com Macabéa. Inventada por Rodrigo, ela está em todas as esquinas das cidades grandes. Saiu do nordeste em busca de alguma coisa no Rio de Janeiro, mas ela nunca soube o que procurava. Não tinha consciência da própria existência. E viver, nada mais era do que um passar dos dias.
Clarice Lispector brinca com seus personagens e seus leitores. Posso senti-la se divertindo ao criar o enredo. Cria dois seres completamente diferentes: um homem e uma mulher; um intelectual e uma ignorante; um que se achava Deus e uma que nem sabia que era gente. E tem a audácia de misturá-los no mesmo livro, sem que nenhum dos dois perdesse sua essência.
Até que ponto Clarice era Rodrigo S. M.? Até que ponto Clarice era Macabéa? Impossível saber. Eu fico aqui, babando, lendo e relendo “A Hora da Estrela”. Me dá até vergonha de publicar qualquer coisa depois disso.
Genialidade é para poucos. Clarice sabia muito bem que era um gênio.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Regiana Antonini

Segue aí a minha primeira experiência como entrevistadora.
Gostaram?

Bate papo com Regiana Antonini
Por Janaina Rico

Não é possível discernir se, quando escreveu “Claríssima” (http://pecaclarissima.blogspot.com/), Regiana Antonini soubesse que havia sido descrita em uma frase de Clarice Lispector: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.
Dona de olhos azuis intensos, Regiana domina uma conversa com facilidade. A primeira vez que a vi foi em uma sala da Cia de Teatro Contemporâneo, dando aula de dramaturgia. A paixão com que falava aos seus alunos era quase palpável, assim como o seu amor pelo teatro.
Atriz, diretora, dramaturga, professora, escritora, autora, redatora. Topou conversar comigo de primeira, sem afetações ou frescuras. Nos encontramos em um café na Cobal, Rio de Janeiro, logo após sua aula. Antes, passou na feira e comprou frutas e verduras para mandar para casa.
Canceriana, se diz insegura. No entanto, ao conversar com ela, percebo a confiança de quem acredita no seu trabalho. Traz no currículo um Prêmio Sharp de melhor autora (disputado com Miguel Falabella), com o texto “Futuro do Pretérito”, a materialização de sua competência. E, mesmo assim, permeia suas frases com uma humildade deliciosa, algo possível somente a quem tem muito o que ensinar.
Ao ser questionada sobre os motivos de sua vinda para o Rio de Janeiro, a mineira me diz, entre risos, que quando resolveu se arriscar em terras cariocas tinha a ambição de ser protagonista da novela das oito. Se formou na CAL, escola tradicional de atores. Inclusive, seu nome está na página dos alunos ilustres do local. E mesmo ela afirmando que se realiza plenamente atuando, seu maior sucesso é na escrita, principalmente em roteiros teatrais.
Trabalha na Rede Globo, no humorístico Zorra Total. Criadora do bordão “Te conheço?”, assume que gostaria de realizar um papel no programa. Porém, ali ou se cria ou se atua, e a veia criadora está sempre falando mais alto.
Sua peça “Aonde Está Você Agora”, baseada na música Vento no Litoral, está em cartaz desde 1995. Já viajou pelo Brasil e rendeu também um livro publicado pela Editora Beto Brito em 2001. Renato Russo, autor da canção, disse que “Valeu a pena viver para ver uma de minhas canções virar uma peça tão linda e emocionante”.
Falando de sua trajetoria, iniciou-se casualmente no mundo dos roteiros e já teve a felicidade de ter em seus espetáculos Rosamaria Murtinho, Lilia Cabral, André Gonçalves, Iran Malfitano, Bruno Gagliasso, Marcelo Serrado, Jonas Torres, Edwin Liuisi, Marcelo Saback, dentre tantos outros. Isso é só para quem tem muito talento. Sua primeira montagem profisional foi dirigida por Cláudio Torres Gonzaga, que também a levou para a Rede Globo. Mesmo assim ela ainda agradece a sorte.
Altos e baixos na carreira já teve muitos. Se em um ano ganhou o Prêmio Sharp, atuou na novela “Salsa e Merengue” e escreveu para o programa “Sai de Baixo”, no ano seguinte foi vender biscoitos para se sustentar, pois as portas se fecharam. Desistir? Jamais.
Seu roteiro “Doidas e Santas”, adaptação do livro homônimo, está em cartaz no Rio de Janeiro. Só mesmo alguém com a sua capacidade para adaptar um best seller sem ter a menor interferência da autora. Martha Medeiros assistiu e chorou emocionada. Regiana fez uma junção de todas as crônicas do livro, criando uma história nova. Resultado: Sucesso! Com Cissa Guimarães, Giuseppe Oristâneo e Josie Antero no palco e direção de Ernesto Picolo, o Teatro do Leblon está ficando lotado em todas as sessões. E sua parceria com Martha Medeiros ainda está rendendo frutos. O romance “O Divã” está sendo adaptado para a televisão. Coisa de gente grande.
Tem um grupo de teatro, chamado “Cia da Boca”, com 17 jovens atores. E criou o Amadas (http://amadaspontocom.blogspot.com), uma peça que vai sendo escrita através de postagens no blog. Fora isso, ainda está com o texto “Mulheres que comem bem” em fase de produção, que terá Fabiana Carla no elenco.
Ao ser perguntada de conselhos a jovens artistas, disse que aprendeu com o tempo que “o sucesso não é a fama”. Senti muita intensidade em suas palavras quando me disse que os novatos devem entender que quando não se passa em um teste ou não se ganha um concurso, não deve ser tomado como algo pessoal. “Não é com você, acredite”.
E só Clarice Lispector poderia terminar: “A palavra é o meu domínio sobre o mundo”.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Crime e Castigo

Crime e Castigo é um livro russo, escrito em 1866 por Fiódor Dostoievisky. Trata-se de um clássico da literatura universal, obrigatório para quem gosta de qualidade literária.
Rodion Românovitch Raskólnikov é um estudante atormentado por suas próprias ideias. Com vontade de se diferenciar do resto das pessoas, planeja o assassinato de uma velha agiota, que ele acredita que não irá fazer a menor falta ao resto do mundo. Entretanto, enquanto executa seu plano é surpreendido por Lisavieta, irmã da velha, e a assassina também.
O romance trata do desespero de Raskólnikov sobre o seu ato criminoso. Enquanto estava planejando, acreditava que não teria remorsos nem dores de consciência. Porém, ao partir para a realidade, se vê afundado em culpa e medo.
É muito interessante perceber a forma com Dostoievisky relata teorias tidas como novas à epóca, sobre depressão, euforia, pânico. Diversas personagens surgem para dar realismo à trama, deixando o leitor em constante tensão.
Mesmo já sendo sabido desde o início quem é o autor do crime, o suspense aumenta a cada linha no que tange o futuro do estudante. Nos vemos torcendo pelo assassino.
Não se pode falar em mocinhos e bandidos na obra, exatamente assim como na vida real. A maneira de Dostoievisky construir seus personagens é brilhante, pois mesmo aqueles que apenas passam pelo texto trazem defeitos e qualidades. São humanos.
O mais interessante de ler Crime e Castigo hoje é perceber que por mais que a tecnologia e a informática dominem o mundo, o homem ainda continua o mesmo.